Carlos Spihler





   A lenda diz que Carlos Spihler foi um famoso espanhol que se refugiou em Niterói (RJ) nos anos 80. Outros dizem que era um jornalista alemão que utilizava este pseudônimo para divulgar textos de protesto contra a ditadura no período militar. E há quem acredite, ainda, que Carlos foi um médico bem sucedido que realizava trabalhos voluntários na cidade de São Gonçalo (RJ) atendendo a população carente, além de dar aulas de história.
   Se ninguém sabe quem foi ao certo Carlos Spihler, mais difícil ainda é dizer quem o matou. A única certeza é que seu espírito continua inspirando certa banda de rock niteroiense, que carrega literalmente a sua caveira para onde ela vai.
   Em seu terceiro CD, “Geração Piercing & Argola”, que acaba de ser lançado em SMD, de forma independente, o trio Felipe Kbça, Igor e Renan Nidecker, a banda Carlos Spihler presta a melhor homenagem possível ao falecido. Sem economizar na gravação e com um projeto gráfico mais arrojado, o disco conta com gravação e mixagem de Bruno Marcus (Estúdio Tomba), masterização de Pedro Garcia (Boombox) e participações especiais, como a do trompetista Pedro Selector (que toca com BNegão, entre outros) e o violoncelista João Raphael.
   Durante um bom tempo (e não faz muito tempo) era quase impossível dar uma passada de olho na agenda de shows do final de semana e não encontrar o nome desses caras fazendo barulho em algum lugar! Sério mesmo: a Carlos Spihler passou por uma penca de eventos em diversos cantos de Rio, São Gonçalo e Niterói! Agora, é a vez desse “Geração Piercing & Argola”, o terceiro lançamento dos caras, ver a luz do dia. E cá entre nós... enfim, vamos ao disco.
   O disco impressiona tanto pela qualidade gráfica quanto em termos de audio e produção (assinada pela banda e por Bruno Marcos, do Estúdio Tomba). De cara, a banda incorpora a irreverência e a diversidade de vertentes ‘roqueiras’ que rolam em seus shows nos sons desse “Geração Piercing...”: o intrumental da faixa-título, que abre os trabalhos, lembra o Britpop da turma dos 90`s. Já “Garotinha Loka” dá a pista de que o bom e velho Ramones não ficou de fora do leque musical dos caras. No decorrer do trabalho influências típicas de artistas gaúchos como o fantástico Wander Wildner e Bidê ou Balde, entre outros, surgem indicando mais um caminho possível de ser desbravado pelo trio. “Aos 13”, que fecha os trabalhos (com direito a final falso e tudo, e que termina com a velha conhecida “A Missão”) mostra uma cara mais barulhenta da Carlos Spihler!
   Uma audição mais atenta de “Geração Piercing & Argola” denuncia não só uma banda bem humorada e de letras bem tramadas. Tem mais coisas interessantes neste terceiro trabalho da Carlos Spihler. Ok, “Garotinha Loka” tem cara de hit e letra bem sacada. Mas a faixa-título tem muito a dizer ao público da banda (notadamente formado, em sua maioria, por uma galera bem mais nova). “Se é Esse o Mundo” é minha favorita! Com referências a bandas da antigas e climinha ‘Eng.Haw’ lá no meio da música os caras conseguiram traçar um panorama bem interessante do mundo nos dias de hoje. Na verdade, todo o trabalho trata dos rumos que a molecada de hoje insiste em (ou é levada a) tomar. O professor de história Felipe Kbça (guitarra e voz) lidera essa turma formada também por Igor (batera) e Renan (baixo). Vale lembrar que o disco teve participação do baixista Tiago Barros (da banda Cecília)!
   Ponto pra galera da Carlos Spihler! Muito bom trabalho! Em tempos de escassez quase total de coisas interessantes rolando em nossa Região, esse “Geração Piercing & Argola” vem bem a calhar. Um trabalho bem cuidado, bem pensado e com um resultado acima da média. Legal também frisar que esse cd foi produzido em formato SMD - tecnologia que barateia a produção e baixa o preço final do produto (se liguem bandas)! Aliás, uma das faixas desse álbum deu as caras no segundo vulume de nossa coletânea PATCH, confere lá! Enfim, “... eu quero um canção que não me faça feliz!” A ídéia é essa...


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